quinta-feira, 4 de março de 2010

A CRÔNICA NO JORNAL

REFERÊNCIAS

BELTRÃO, Luiz. Jornalismo Opinativo. Porto Alegre: Sulina, 1980.
CANDIDO, Antonio et al. A crônica: o gênero, sua fixação e suas transformações no Brasil. São Paulo; Rio de Janeiro: Editora da Unicamp; Fundação Casa de Rui Barbosa, 1992.
COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil: relações e perspectivas. Rio de Janeiro: Global, 1999.
MOISÉS, Massaud. A criação literária -prosa II. 17. ed. São Paulo: Cultrix, 2001.
SÁ, Jorge de. A crônica. 6. ed. São Paulo: Ática, 1999.
TEIXEIRA, Tatiana. A crônica política no Brasil: um estudo das características e dos aspectos históricos a partir da obra de Machado de Assis, Carlos Heitor Cony e Luis Fernando Veríssimo. Biblioteca On-line de Ciências da Comunicação. Disponível em: http://www.bocc.uff.br/pag/teixeira-tattiana-cronica-politica-Brasil.pdf. Acesso em: fev.2009.
SIMON, Luiz Carlos Santos. Do jornal ao livro: a trajetória da crônica entre a polêmica e o sucesso. Revista Temas & Matizes, n.5. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, primeiro semestre de 2004.

De um modo eral, os estudiosos do tema assinalam que, no Brasil, a história da crônica está intimamente ligada à propria história do desenvolvimento do jornalismo. Antonio Candido considera a crônica como "filha do jornal e da era da máquina" (1992, p.14).Para Teixeira,

“A história da crônica no Brasil se confunde com a própria trajetória do jornalismo contemporâneo. Vinculada ao entretenimento - de um modo geral - ela começou a consolidar-se no país em meados do século XIX e, desde então, tornou-se um gênero quase obrigatório para os jornais brasileiros”.

A autora comenta ainda que, se procedermos a um rápido panorama dos principais veículos nacionais da época, veremos que "os de maior tiragem e alcance contam com cronistas em seus quadros, senão diária, ao menos semanalmente".

  • "Ligado, em sua gênese, ao folhetim - compreendido aqui não como o romance, mas como o espaço plural que abrigava uma série de textos voltados ao entretenimento - o termo crônica, durante este período, esteve associado a escritos sobre os mais variados assuntos, da política ao teatro, dos eventos sociais aos esportivos, dos acontecimentos do dia-a-dia ao universo íntimo de cada autor.”
Quanto à pluralidade de temas tratados pela crônica "- que se explica historicamente, talvez, pelo fato de terem sido freqüentemente publicados no espaço destinado às variedades -", Teixeira assinala que isso contribuiu, por um lado, para que diversos autores pudessem exercitar a abordagem de uma temática mais ampla; por outro lado, entretanto, pode ser apontado como "fator preponderante para a falta de uma melhor definição, compreensão e valorização do gênero ao longo de sua história".

De fato, no campo dos estudos literários, o gênero crônica carrega sempre uma somra de "gênero menor", ainda que, paradoxalmente, muitos dos nossos grandes romancistas sejam também grandes cronistas.

Isso não quer dizer que não haja nenhum estudo sobre o gênero. Ocorre apenas que, de um modo geral, esses estudos costumam tratar a crônica com um certo preconceito. Um exemplo:

Em A criação literária, na seção que trata do gênero conto, Massaud Moisés assinala que:

"O contista experimentado sabe como principiar, cônscio de que as linhas de abertura condicionam tudo o mais. Nisso, como em outros pormenores técnicos, ele depara obstáculos diversos dos que assaltam novelistas e romancistas. Pela extensão de páginas, sinal concreto de sua peculiar estrutura, a novela e o romance enfrentam o problema do epílogo: ao passo que o contista há de saber como principiar, o romancista e o novelista preocupam-se com o desfecho. Um romance ou uma novela pode encetar-se com páginas de minúcias preparatórias da ação - como, por exemplo, em Guerra e Paz ou nOs Maias -, para aos poucos ir ganhando densidade e temperatura. Ao invés, espera-se que o conto envolva de imediato o leitor, ainda quando abre com um longo preâmbulo, como se ante um flagrante do dia-a-dia, rápido em configurar-se e rápido em definirse e terminar".

A seguir, o autor comenta:

"É de notar que o mau emprego, assim como o dúbio entendimento, da teoria de Tchecov, notadamente no que diz respeito ao epílogo, aliaram-se na modernidade à idéia de que o conto pode prescindir do enredo. Induzidos por esses princípios, não poucos autores e críticos entraram a chamar de conto, erroneamente, textos que não passavam de crônica, capítulo ou germe de romance" (o grifo é meu).

Ainda nessa obra, Moisés deixa claro que não vê com bons olhos a publicação de crônicas em livro, argumentando que o gênero perde a fugacidade mais própria ao meio jornal. Para ele,

"Mais do que o poema, a crônica perde quando lida em série; reclama a degustação autônoma, uma a uma, como se o imprevisto fizesse parte de sua natureza, e o imprevisto colhido na efemeridade do jornal, não na permanência do livro. Eis porque raras crônicas suportam releitura; é preciso que ocorra o encontro feliz entre o motivo da crônica e algo da sensibilidade do escritor à espera do chamado para vir à superfície".

Outros críticos, como Eduardo Portella, discordariam, mais tarde, desse posicionamento. Para Portella, a publicação em livro contribuiu para a constituição da crônica como gênero literário específico e autônomo.



É exatamente sobre essas questões que trata Luiz carlos S. Simon, no artigo Do jornal ao livro: a trajetória da crônica entre a polêmica e o sucesso.

Simon (que é estudiodo da área da literatura) abre seu texto assinalando que

"O estudo da crônica na qualidade de um texto literário esbarra, logo nas páginas iniciais de qualquer ensaio sobre o assunto, na controvérsia gerada por seu veículo de origem: o jornal. Não que professores de literatura, jornalistas, críticos literários e teóricos julguem de antemão que o fato de serem as crônicas publicadas antes em jornais deverá necessariamente privá-las de um estatuto artístico, mas esta peculiaridade no trajeto da crônica parece requerer dos estudiosos a lembrança inevitável deste vínculo que a situa num espaço intermediário, de caracterização diferenciada".

Polêmicas à parte, o fato é que Massaud Moisés dedicou algumas reflexões sobre o gênero. É dele uma das tentativas de estabelecimento de uma tipologia para a crônica. Para o autor, as crônicas se dividem em dois tipos: crônica-poema e crônica-conto. Ele chama de "pseudocrônicas" os textos que se aproximam mais de ensaios ou da prosa didática, nos quais idéia prevalece sobre a sensação e a emoção.

(Não custa ressaltar que, nessa divisão, Moisés usa gêneros já consagrados no estudos literários - poema e conto - como matrizes para a definição dos tipos de crônicas).

Em A literatura no Brasil – relações e perspectivas. Afrânio Coutinho propôs outra tipologia, considerando cinco tipos: a crônica narrativa; a crônica metafísica; a crônica poema-em-prosa; a crônica comentário; a crônica-informação.

O problema dessa tipologia (como der esto acontece com qualquer tipologia) reside na confusão dos critérios utilizados: nada impede, por exemplo, que uma crônica de abordagem mais "metafísica" (para usar a expressão do autor) seja estruturada, por exemplo, como um poema.

Em Jornalismo opinativo, Luis Beltrão (que definiu a crônica como “a forma de expressão do jornalista/escritor para transmitir ao leitor seu juízo sobre fatos, idéias e estados psicológicos pessoais e coletivos") apresenta uma nova tipologia, propondo a divisão do gênero em dois grandes grupos, subdivididos:
  • o primeiro se refere à natureza do assunto abordado e subdivide-se em geral, local e especializada;
  • o segundo se refere ao tratamento dado ao tema, subdividindo-se nas categorias analítica, sentimental e satírico-humorística.
Para o funcionamento do nosso curso, usarei uma tipologia simples, que não pretende estabelecer nenhuma teoria sobre o gênero, mas simplesmente organizar nossas produções. Confiram no próximo post.

3 comentários:

Pablo Treuffar disse...

ADRIANO O FAVELADO
num país de oligopólios

Vagner Love foi filmado
Escoltado por armados
Adriano indiciado
Deu motoca ao celerado
Os dois sendo acusados
De apologia aos drogados
Adriano é alcoólatra
Vagner Love é viciado
Rotulados como monstros
Pelo crivo enviado
Por jornalistas intencionados
Em mostrar o favelado
Como lixo condenado
Na favela o operário
É tratado como otário
Espancado por PMs
Todos mancomunados
Com os políticos desalmados
Os nunca açoitados
Cheirando o pó dos criticados
Já Adriano
O favelado
Pode vender cerveja pra todo coronelado
No horário nobre consagrado
Isso tá liberado
Ai de ele beber
Será esculachado
Pelo consumidor
Do produto anunciado
Adriano
Vira logo
Mau exemplo pras crianças do outro lado
É taxado de xinxeiro embriagado
Moralmente açoutado
O trabalhador mora no morro
Isso não é noticiado
Quem é cria da favela
Sabe que isso pouco importa
O Bope sobe armado
Morre preto favelado
É tiro pra todo lado
Como pode o Adriano
Frequentar esse cercado
Morando na favela
Tu é trafica
É fajardo
Não tem carteira de trabalho que prove que ao contrário
Na favela mora o povo
O proletariado
Essa gente que sustenta esse país desnivelado
Fico muito preocupado
Com valores deturpados
Por uma mídia pardieiro
Que legitima o congresso
E condena o empregado
Pro meu filho eu vou dizer
Que exemplo é o Adriano
Que não nega a favela
Um lugar de povo amado
Que devia ser lembrado
Com muito mais cuidado
E não associado à meia dúzia de armados
Sem oportunidade por culpa do Estado
Que culpa o favelado pelos seus próprios pecados
Num país de oligopólios
Todo predestinado
Pro rico ficar rico e negar o favelado
Eu prefiro Vagner Love no baile funk amado por tantos outros favelados

Pablo Treuffar

Unknown disse...

politicas sem rumo
boa tarde,sou um português,cheio de aguentar estes políticos sem piedade,e sem capacidade,este nosso maravilhoso país está degradado democraticamente a uma escala que não vai aguentar-se pois os mamões são tantos, que o fruto colhidos das searas não chega para eles, ou seja continua-mos a deixar que estes corruptos tomem conta de tudo e não se importam que o vizinho do lado tenha fome em sua casa, apenas eles e só eles estes abutres de bancos,de galpe, de pt, de aguas de tap.de caminhos de ferro etc etc.para estes há sempre e fartura,para as pessoas honradas não há nem justiça nem protecção, deixam morrer pessoas sem atendimento,morrem crianças por não serem atendidas isto pode de alguma forma ser admitido por um português digno, não eu sabia que estes incompetentes levariam o nosso país á banca rota, mas o sr. presidente da republica não perdeu o dele,segurou a tempo, porquê porque todos estão lá e combinam como se devem fazer e da forma que seja o povo a pagar,acham que saímos mais disto para fora,esqueçam pois os escândalos estão a aumentar, e quem são os protagonistas, somos nós os que sempre lutemos?não são estes mentirosos corruptos, deviam estar numa cadeia com uma pedreira para saberem o que é a vida,deviam dar-lhes 485 euros mês e dai fazerem suas vidas, ai amiguinhos desta forma teria-mos os tachos novos, assim estão gastos são tantos e tão viciados que nem conta se dão de que não fazem falta nenhuma,lamento aja coragem para enfrentar estes palermas. l

Anônimo disse...

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