sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O TEXTO OPINATIVO EM JORNALISMO

TIPOLOGIA TEXTUAL DE CUNHO OPINATIVO EM JORNALISMO


REFERÊNCIAS:


MELO, Jose Marques de. Jornalismo Opinativo: gêneros opinativos no jornalismo brasileiro. 3. ed. Campos de Jordão, RJ: Editora Mantiqueira, 2003.

MORAES, Jorge Viana de. Limites entre jornalismo e literatura. Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação, 2008.

CAMPO, Pedro Celso. Gênero opinativo. Observatório da Imprensa. Dispoível em: <http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/da010520026.htm>. Acesso em jan.2010.

Dicionário HOUAISS da Língua Portuguesa (versão online). Dispoível em: <http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm> . Acesso em jan.2010.

SOBRE O TEXTO OPINATIVO

"Muito antes de ser informativo ou interpretativo o jornalismo foi opinativo, como se via no panfletismo ideológico da Revolução Francesa. Na segunda metade do século 19 e nas primeiras décadas do século 20, o atual jornalismo empresarial dos EUA não destoava de escolas jornalísticas da época, como a francesa e a inglesa: praticava-se um jornalismo muito mais opinativo e tendencioso do que informativo. O veículo era usado apenas para manipular os fatos de acordo com os interesses do grupo ou da família proprietária do jornal – o que ainda ocorre, em pleno alvorecer do Terceiro Milênio, em muitas cidades do interior do Brasil, como verificam os próprios estudantes de Jornalismo.
[...]
Nos anos 30, com o bom êxito do jornalismo interpretativo nascente, os dirigentes de jornais observaram que tinham em mãos um negócio de futuro. Assim, os jornais foram se profissionalizando e se organizando em empresas bem-estruturadas.

Cada gênero passou a ter sua valorização específica. A notícia ganhou formato de indagação imparcial sobre os fatos, condensando no lead tudo o que era preciso para prender a atenção do leitor interessado na informação. A reportagem mais profunda procurava interpretar a realidade consultando especialistas nos assuntos tratados e esclarecendo as origens, as circunstâncias e as conseqüências do fato.

[...]
O opinativo ganhou a página dois para o editorial da empresa, além de artigos assinados. Colunas e demais textos assinados, em todo o jornal, revelam a característica de um texto voltado para a persuasão opinativa. As próprias agências passaram a enviar despachos devidamente assinados pelos seus melhores repórteres. Os jornais distribuíram correspondentes, que passaram a enviar matérias opinativas" (CAMPO).

Em Jornalismo Opinativo, José Marques de Melo assinala que há dois núcleos de interesse em torno dos quais o discurso jornalístico se articula:

a) A informação, cujo interesse é saber o que se passa.
b) A opinião, cujo interesse é saber o que se pensa sobre o que se passa.

Segundo o autor, os gêneros do primeiro núcleo (universo da informação) “se estruturam a partir de um referencial exterior à Instituição Jornalística: sua expressão depende diretamente da eclosão e evolução dos acontecimentos e da relação que os mediadores profissionais (jornalistas) estabelecem com seus protagonistas (personalidades ou organizações)”. (2003, p.65).

Melo define a tipologia do jornalismo informativo a partir de quatro gêneros: nota, notícia, reportagem e entrevista.

Quanto aos gêneros situados no segundo núcleo (universo da opinião), a estrutura da mensagem é “co-determinada por variáveis controladas pela instituição jornalística. Assumem duas feições: autoria (quem emite a opinião) e angulagem (perspectiva temporal ou espacial que dá sentido à opinião)” (2003, p.65).

No âmbito do jornalismo opinativo, o autor concebe uma tipologia de oito gêneros de texto: editorial, comentário, artigo, resenha, coluna, crônica, caricatura, carta.

A) OS TIPOS DE TEXTOS OPINATIVOS:

Editorial: gênero que expressa a opinião institucional e apócrifa (sem assinatura individual) do jornal. Trata-se de um gênero jornalístico que expressa a opinião oficial do jornal em relação aos fatos mais relevantes no momento.

Comentário: gênero introduzido recentemente no jornalismo brasileiro, diante das mudanças decorridas da maior rapidez na divulgação das notícias (primeiramente pelo rádio e pela televisão). Segundo Melo, o comentário mantém uma íntima ligação com a atualidade, e é produzido a partir do que está ocorrendo. O comentário acompanha a própria notícia.

Artigo: texto opinativo (mais que informativo) publicado em seção destacada do conteúdo noticioso, para enfatizar sua natureza “não-jornalística”. Os autores recorrentes de artigos são chamados de articulistas. Apresenta-se como colaboração espontânea ou solicitação não necessariamente remunerada, o que confere liberdade completa ao seu autor. “Trata-se de liberdade em relação ao tema, ao juízo de valor emitido, e também em relação ao modo de expressão verbal” (MELO, 2003, p.125).

Resenha: gênero textual em que se propõe a construção de relações entre as propriedades de um objeto analisado, descrevendo-o e enumerando aspectos considerados relevantes sobre ele. No jornalismo, é utilizado como forma de prestação de serviço.

Coluna: surgiu na imprensa norte-americana, em meados do século XIX, quando os jornais assumiram o caráter informativo. O nome vem da diagramação original dos textos não-noticiosos publicados regularmente em espaço predeterminado no jornal. Nos periódicos do século XIX, tudo que não era notícia era diagramado numa única coluna vertical, de alto a baixo da página, à parte do resto do conteúdo (exceto pelos folhetins, que eram publicados geralmente na parte inferior da primeira página, ocupando todas as colunas da esquerda até a direita. Mesmo depois de de assumir qualquer formato, a coluna se mantém com informações curtas, em notas, ou observações do cotidiano, em linguagem de crônica. Cumpre hoje uma função que foi peculiar ao jornalismo impresso antes do aparecimento do rádio e da televisão: o furo.

Caricatura (eu prefiro o termo charge): comentário visual dos fatos, caricatura política ou de personagens do noticiário.


Carta: texto produzido pelo leitor, inteiramente independente da linha editorial do jornal. Normalmente corresponde a comentários sobre edições anteriores do veículo, embora não se limite a esse fim.

A CRÔNICA


“Rubrica: história.
Compilação de fatos históricos apresentados segundo a ordem de sucessão no tempo [Originalmente a crônica limitava-se a relatos verídicos e nobres; entretanto, grandes escritores a partir do sXIX passam a cultivá-la, refletindo, com argúcia e oportunismo, a vida social, a política, os costumes, o cotidiano etc. do seu tempo em livros, jornais e folhetins.]” Fonte: Dicionário HOUAISS

ORIGEM DO TERMO

A palavra crônica deriva do Latim chronica que significava, no início da Era Cristã, o relato de acontecimentos em ordem cronológica (a narração de histórias segundo a ordem em que se sucedem no tempo). Era, portanto, um breve registro de eventos. No século XIX, com o desenvolvimento da imprensa, a crônica passou a fazer parte dos jornais. Ela apareceu pela primeira vez em 1799, no Journal de Débats, publicado em Paris.

“A abordagem da crônica como um gênero específico de texto leva a destacar algumas acepções mais utilizadas por pesquisadores:

  • narração histórica ou registro de fatos comuns em ordem cronológica;
  • texto jornalístico de forma livre e pessoal e que tem, como tema, fatos ou idéias da atualidade; esses fatos podem ser de teor artístico, político, esportivo, etc.; ou simplesmente relativos à vida cotidiana;
  • no sentido histórico do termo, A Carta de Pero Vaz de Caminha é considerada crônica pelos historiadores. E, como ela, aconteceram outros relatos de cronistas que davam notícias da nova terra aos europeus;
  • é importante ressaltar que esse conceito antigo de crônica como registro de fatos históricos continuou com o advento da literatura jornalística.” (MORAES, 2008).

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

PROGRAMA DO CURSO

PLANO DE CURSO 2009.1

CURSO: Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo
DISCIPLINA: Leitura e produção da crônica em jornalismo CARGA HORÁRIA:
PROFESSOR: Adriana Telles

EMENTA
: Estudo da tipologia textual de cunho opinativo no jornalismo. Especificidades das variações do discurso jornalístico no texto opinativo. Estilo, linguagem e redação de crônicas. Estudo da charge como crônica política.

OBJETIVOS:
Ao final do curso o aluno deverá:

- Reconhecer os diferentes tipos de textos jornalísticos de cunho opinativo.
- Perceber a importância do texto opinativo no contexto do discurso jornalístico.
- Desenvolver habilidades para a leitura e a produção de crônicas.
- Analisar e produzir crônicas.
- Utilizar adequadamente as variantes da linguagem da crônica.
- Identificar os elementos discursivos da charge.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:

Unidade I:
– A tipologia textual de cunho opinativo e jornalismo:
O artigo, a resenha, a coluna, o editorial, crônica e a charge.
Elementos para a leitura da crônica.
Linguagem, Língua e Fala: conceitos a partir das perspectivas da teoria da comunicação e da lingüística textual.

– A crônica como narrativa do cotidiano:
As origens da crônica; a produção de crônicas no séc. XIX, no século XX e na contemporaneidade.
Os modos de organização narrativo, descritivo e dissertativo da crônica.
Estudo de cronistas brasileiros.

UNIDADE II:
– Subtipologia da crônica:
A crônica de humor.
A crônica poética.
A crônica política.
A crônica esportiva.
A crônica social.
A crônica policial.

– A crônica visual: as charges
Elementos para a leitura da charge.
Estudo de chargistas brasileiros.
Recursos estilísticos para a construção humor no discurso da charge.
Charge e crônica escrita: semelhanças e diferenças discursivas.

REFERÊNCIAS:
BÁSICAS:
SÁ, Jorge de. A crônica. 6. ed. São Paulo: Ática, 1999.
MELO, José Marques de. A crônica como gênero jornalístico. In: Teoria do Jornalismo: identidades brasileiras. São Paulo: Paulus, 2006.
CANDIDO, Antonio et. al. A crônica: o gênero, sua fixação e suas transformações no Brasil. São Paulo; Rio de Janeiro: Editora da Unicamp; Fundação Casa de Rui Barbosa, 1992.

COMPLEMENTARES:

BELTRÃO, Luis. Jornalismo opinativo. Porto Alegre (RS): Ed. Sulina, 1980.
BENDER, Flora; LAURITO, Ilka. Crônica - história, teoria e prática. São Paulo: Editora Scipione, 1993. (Col. Margens do Texto).
CHALHOUB, Sidney; NEVES, Margarida; PEREIRA, Leonardo Affonso de. História em cousa miúda: capítulos de história social da crônica no Brasil. Campinas: Ed. Unicamp, 2005.
FERRAZ, Geraldo Galvão. A escrita de uma crônica. Revista Língua Portuguesa. Ano 2, n. 20, p. 38-39. São Paulo, jun, 2007.
FORTUNA. Aberto para balanço: 95 charges do Correio da Manhã (1965-1966). Rio de Janeiro: Codecri, 1980.
MEDEIROS, Vanise Gomes de. Discurso Cronístico: uma falha no ritual jornalístico. Disponível em: .
OLIVEIRA, Claudio de. Pizzaria Brasil: da Abertura Política à reeleição de Lula. São Paulo: Devir, 2007.
ROMUALDO, Edson Carlos. Charge jornalística: intertextualidade e polifonia – um estudo das charges da Folha de S. Paulo. Maringá: Eduem, 2000.
ROSSETTI, Regina; VARGAS, Herom. A recriação da realidade na crônica jornalística brasileira. UNIrevista. São Paulo: Vol. 1, n. 3, jul, 2006. Disponível em: .
SIMON, Luiz Carlos Santos. Do jornal ao livro: a trajetória da crônica entre a polêmica e o sucesso. Disponível em: http://e-revista.unioeste.br/index.php/temasematizes/article/viewPDFInterstitial/554/465
SIMON, Luiz Carlos Santos. O cotidiano encadernado: a crônica no livro. Disponível em: .

– Compilação de crônicas e charges disponibilizadas pelo professor.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

BLOG NO AR

Olha o Blog aí.

Abraços.