terça-feira, 10 de março de 2009

A TIPOLOGIA TEXTUAL DE CUNHO OPINATIVO NO JORNALISMO

"Os gêneros discursivos, como unidades comunicativas, manifestam diferentes intenções do autor: procuram informar, convencer, seduzir, entreter, sugerir estados de ânimo, etc., segundo Kaufman e Rodríguez (1995). Em correspondência a essas intenções, é possível categorizar os gêneros discursivos, levando em conta a função comunicativa que neles predomina. Por exemplo, a classificação dos textos do jornal em gêneros informativos, opinativos, interpretativos e diversionais obedece principalmente às três funções comunicativas da atividade jornalística, apresentadas por Beltrão (1980), quais sejam: informar, orientar e divertir. O grupo dos textos opinativos é constituído por enunciados que dizem respeito à função de orientar e que podem ser organizados em uma destas categorias: editorial, artigo, crônica, charge, resenha, entre outros. [...]"

Fonte:
CARVALHO, Adriana Cintra de, PUZZO, Miriam Bauab. Textos opinativos: uma questão de gênero. INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Anais... Belo Horizonte: set/2003.

ARTIGO: texto de cunho mais opinativo que informativo, veiculado geralmente destacado dos textos noticiosos - o que destaca sua característica não-jornalística. Quando um autor mantém regularidade na publicação de artigos em um mesmo veículo, ele é chamado de articulista.

RESENHA: classificada como um tipo de resumo, a resenha tem por finalidade apresentar/descrever um determinado objeto (outro texto, álbum filme, etc.) elencando aspectos relevantes sobre esse objeto. Uma resenha deve trazer comentários pessoais e julgamento crítico, além de informações e resumo do objeto analisado.

EDITORIAL: artigo que expressa a opinião institucional e apócrifa (sem assinatura individual) do jornal. "O editorial orienta o público mediante a opinião do próprio jornal sobre um assunto, enquanto os demais textos opinativos cumprem sua função apresentando a opinião do jornalista, do colaborador ou do leitor" (CARVALHO; PUZZO, 2003).

CHARGE: comentário visual dos fatos, geralmente por meio de caricatura política ou de personagens do noticiário.

CRÔNICA: conforme a definição do Dicionário Hoauiss, uma crônica é a "compilação de fatos históricos apresentados segundo a ordem de sucessão no tempo [Originalmente a crônica limitava-se a relatos verídicos e nobres; entretanto, grandes escritores a partir do sXIX passam a cultivá-la, refletindo, com argúcia e oportunismo, a vida social, a política, os costumes, o cotidiano etc. do seu tempo em livros, jornais e folhetins.]”

Trata-se de um texto situado entre a literatura e o discurso jornalistico, na maioria das vezes assinada por um escritor.

A palavra deriva do Latim chronica, palavra situada no campo semântico relativo a tempo. No início da era cristã, a chronica correspondia ao relato linear dos acontecimentos (ou seja, em ordem cronológica). A partir da sedimentação da imprensa, no final do séc. XVIII, a crônica foi inserida no corpo de textos do jornal. Há registros de que a primeira crônica publicada em um jornal data de 1799 (no periódico francês Journal de Débats).

Para Moraes, “a abordagem da crônica como um gênero específico de texto leva a destacar algumas acepções mais utilizadas por pesquisadores: (1) narração histórica ou registro de fatos comuns em ordem cronológica; (2) texto jornalístico de forma livre e pessoal e que tem, como tema, fatos ou idéias da atualidade; esses fatos podem ser de teor artístico, político, esportivo, etc.; ou simplesmente relativos à vida cotidiana; (3) no sentido histórico do termo, A carta de Pero Vaz de Caminha é considerada crônica pelos historiadores. E como ela, aconteceram outros relatos de cronistas que davam notícias da nova terra aos europeus; (4) é importante ressaltar que esse conceito antigo de crônica como registro de fatos históricos continuou com o advento da literatura jornalística.”

Fonte:
MORAES, Jorge Viana de. Limites entre jornalismo e literatura. Portal UOL Educação. Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação.

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