sexta-feira, 13 de março de 2009

A CRÔNICA NO JORNAL

Em A crônica política no Brasil, Tatiana Teixeira afirma que “a história da crônica no Brasil se confunde com a própria trajetória do jornalismo contemporâneo".

De fato, a primeria crônica publicada de que se tem notícia foi veiculada em 1799 no peródico francês Journal de Débats (Cf. post anterior).

Para a autora, a crônica começou a se consolidar no Brasil a partir do século XIX, tornando-se, desde então, "um gênero quase obrigatório para os jornais brasileiros" (TEIXEIRA, Op. Cit.).

João Roberto Faria assinala que, no séc. XIX, a crônica chamava-se folhetim e não guardava os traços que reconhecemos nesse tipo de texto hoje.

"[...] Era um texto mais longo, publicado geralmente aos domingos no rodapé da primeira página do jornal, e seu primeiro objetivo era comentar e passar em revista os principais fatos da semana, fossem eles alegres ou tristes, sérios ou banais, econômicos ou políticos, sociais ou culturais" (FARIA, 1995).

Quanto às opções temáticas, bem como às imprecisões no que se refere ao estudo crônica como tipologia textual, Teixeira anota que: “a miscelânea temática - que se explica historicamente, talvez, pelo fato de terem sido freqüentemente publicados no espaço destinado às variedades - se, por um lado, possibilitou que diferentes autores os exercitassem, por outro, pode ser apontada como fator preponderante para a falta de uma melhor definição, compreensão e valorização do gênero ao longo de sua história. Vários dos que escreveram crônica em algum momento buscaram compreende-la ou discuti-la, o que revela, ao menos, uma certa inquietação com esta modalidade discursiva tradicionalmente classificada como menor.”

Há, no entanto, por parte de teóricos (sobretudo os da Literatura),
tentativas de agrupar as crônicas em uma tipologia.

- Em
A criação literária - prosa II, Massaud Moisés fala em dois tipos: a crônica-poema e a crônica-conto.
O autor classifica ainda como pseudocrônicas aqueles textos que se assemelham a ensaios ou ao que ele chama de prosa didática - isso porque, segundo ele, nesses textos "a idéia prevalece sobre a sensação e a emoção".


- Em
A literatura no Brasil, Afrânio Coutinho fala em cinco tipos: a crônica narrativa; a crônica metafísica; a crônica poema-em-prosa; a crônica comentário; a crônica-informação.

- Em
Jornalismo Opinativo, Luis Beltrão propõe uma divisão tipológica a partir de dois grandes grupos de crônicas: o primeiro grupo se refere à natureza do assunto abordado (teríamos, então, três subgrupos - crônicas gerais, locais e especializadas); o segundo grupo se refere ao tratamento dado ao tema (teríamos as crônicas analíticas, as sentimentais e satírico-humorísticas).



REFERÊNCIAS:

BELTRÃO, Luiz. Jornalismo Opinativo. Porto Alegre: Sulina, 1980.
CANDIDO, Antonio et al. A crônica: o gênero, sua fixação e suas transformações no Brasil. São Paulo; Rio de Janeiro: Editora da Unicamp; Fundação Casa de Rui Barbosa, 1992.
COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil: relações e perspectivas. Rio de Janeiro: Global, 1999.
FARIA, João Roberto. Alencar conversa com os seus leitores. Prefácio a Crônicas escolhidas - José de Alencar. São Paulo: Ed. Ática e Folha de São Paulo, 1995.
MOISÉS, Massaud. A criação literária -prosa II. 17. ed. São Paulo: Cultrix, 2001.
SÁ, Jorge de. A crônica. 6. ed. São Paulo: Ática, 1999.
TEIXEIRA, Tatiana. A crônica política no Brasil: um estudo das características e dos aspectos históricos a partir da obra de Machado de Assis, Carlos Heitor Cony e Luis Fernando Veríssimo. Biblioteca On-line de Ciências da Comunicação. Disponível em:
. Acesso em: fev.2009.
MORAES, Jorge Viana de. Limites entre jornalismo e literatura. Portal UOL Educação. Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação.

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